The Walking Dead Ep. 2: Starved for Help


Apesar de alguns problemas técnicos, o episódio 2 de The Walking Dead mantém a excelência de seu predecessor.



A grande dúvida ao final do primeiro episódio de The Walking Dead era: a qualidade será mantida e o enredo permanecerá sendo interessante nos próximos?
A dúvida persistirá até que o último deles seja lançado, afinal, não temos como saber se algum deslize ocorrerá em um ponto futuro. No entanto, com o que temos agora podemos afirmar que, felizmente, The Walking Dead Episode 2: Starved for Help Ã© tão excelente quanto seu predecessor, mesmo que certas estranhezas surjam em alguns pontos.
Starved for Dead retoma a história pouco tempo após o final do primeiro episódio. Sem entrar em grandes detalhes, basta dizer que o grupo de sobreviventes do qual Lee, o protagonista, faz parte está com recursos escassos, e nem todos conseguem comer todos os dias. Por conta da necessidade de terem alimentos, o grupo acaba aceitando fazer uma troca com outros humanos que encontram, o que acaba os levando a uma situação inesperada.
Como já havia ficado claro - e agora sedimentado - The Walking Dead está mais próximo de uma história interativa do que de um adventure. Apesar de não haver dificuldade em descobrir as soluções dos enigmas, há uma sensação de desafio e tensão constantes, vindos da situação em que nos encontramos. Além disso, o desejo de proteger os outros sobreviventes continua presente, ainda mais forte do que antes. Clementine ainda é o foco de sua atenção, mas os outros membros do grupo, dado o contato maior que podemos ter com eles agora, ganham maior relevância, passando a serem mais importantes para você e para o personagem.
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The Walking Dead Ep. 2 Starved for Help
Dado que as mecânicas permanecem sendo as mesmas (afinal se trata, teoricamente, do mesmo jogo que o episódio um) não haveria como esse aspecto se tornar maçante e problemático do nada. Aquilo em que poderia ocorrer um deslize, mas que continua sendo interessante e instigante, é o enredo e as situações em que ele o coloca.
A estrutura de The Walking Dead, ou ao menos a maneira como eu a entendo, foca-se sempre em colocar os protagonistas em uma situação que pareça segura para, de pouco em pouco, destruir essas proteções que pareciam impenetráveis. Starved for Help segue essa mesma estrutura; tudo parece que ficará bem inicialmente, mas os problemas não tardam a chegar.
O peculiar é que você percebe isso chegando, e o jogo não faz questão de esconder esse fato. Na verdade, perceber o que está para acontecer e mesmo assim se ver impossibilitado de impedir o curso dos eventos é grande parte do que torna o ato de jogar Walking Dead tão tenso. Esse misto entre ver algo de errado vindo em sua direção e ainda assim ter de caminhar diretamente ao seu encontro o coloca em um estado de apreensão como poucos jogos conseguem. Isso, por sua vez, abre espaço para uns bons sustos, utilizados bem e com parcimônia pelo jogo.
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The Walking Dead Ep. 2 Starved for Help
Esse crescendo de fatos terríveis fora de seu controle são evidenciados não só pelo andar da história, mas também pela própria palheta de cores utilizada pelo jogo. No início, quando tudo aparenta estar bem, há um tom quase bucólico no ambiente, com cores vibrantes e coloridas e um sol brilhando. De acordo com o andar da aventura, o tom vai vagarosamente se acinzentando; tudo que era alegre, até mesmo nas expressões de alguns dos personagens, some, até que, ao mesmo tempo que suas desconfianças são concretizadas, você começa ouvir o barulho de uma tempestade que está para chegar. Não se trata de uma imagem visual muito subjetiva, mas ela funciona de qualquer maneira.
Saber o que está para acontecer não significa que Starved for Help é desprovido de surpresas. Além dos sustos mencionados, o episódio tem sua parcela de momentos chocantes. Um deles em específico, próximo ao final, me deixou literalmente de boca aberta por alguns segundos. Isso ocorreu não só pela natureza do evento, mas também por sua inserção súbita no jogo, sem que o controle do jogador jamais fosse retirado.
O único ponto fraco de The Walking Dead - e um que imagino que passará a ser cada vez mais evidente - estão nas escolhas tomadas. De acordo com uma mensagem passada pelo próprio jogo, as suas decisões influenciam nos acontecimentos, mas isso não parece ser muito verdade. Existem diversas coisas que acontecerão independente daquilo que você escolha fazer. A maior mudança estará em como os outros personagens o enxergam, positiva ou negativamente, dependendo do quanto eles aprovam o que você fez.
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E é justamente nisso, no entanto, que ocorreu o maior problema técnico até agora de The Walking Dead. É verdade que algumas animações têm um corte um tanto abrupto e os modelos dos personagens às vezes dão uma "deslizada" pelo cenário antes de entrarem em uma posição nova, mas nada disso realmente incomoda.
O problema surgiu na reação de um dos personagens que considerava Lee como um amigo. Em todo o primeiro episódio fiz as escolhas que aumentavam a simpatia de Kenny pelo protagonista. Apenas em um momento, ao tomar uma posição neutra, Kenny ficou bravo com Lee, mas logo esqueceu, ajudando-o em certo ponto da aventura.
No entanto, em meio a uma conversa normal no segundo episódio, Kenny, do nada, berrou com Lee, fazendo referência a esse momento de escolha neutra do capítulo um. Em seguida, terminada essa fala, ele voltou ao seu estado normal, mantendo a amizade com o protagonista.
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The Walking Dead Ep. 2 Starved for Help
Essa mesma reação ocorreu em duas vezes distintas através de Starved for Help, e suas consequências foram muito negativas. Ela é tão artificial que retira você da atmosfera de The Walking Dead, o que é uma grande pena já que esse é com certeza um dos pontos fortes do título. A fala fora de contexto deixou bem evidente a ativação de um script do jogo, que mostra não estar levando em consideração o contexto maior dos acontecimentos, e sim a ocorrência individual deles. Por conta disso, não é difícil que bizarrices como essas acontecerão com mais frequência nos próximos episódios, ainda mais quando levamos em consideração que as chances de você estar oscilando nas graças dos personagens são bem grandes.
Foi um pouco decepcionante que isso tenha acontecido, mas não o suficiente para estragar todas as outras coisas boas que The Walking Dead faz. Talvez o acúmulo desse problema relacionado às decisões seja pior futuramente, mas, por agora, ele é apenas um detalhe chato que impede que Starved for Help alcance a excelência que poderia ter. Felizmente, naquilo que mais importa, o jogo continua tão animador e instigante como em seu episódio inicial. Que venham logo os outros.

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