LG tenta dar adeus ao touch, mas só obriga a gente a fazer mímica

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Desconfie sempre que uma empresa prometer que, ainda que de brincadeira, vai matar uma característica bastante consolidada da indústria a que pertence. A LG lançou um poderoso smartphone com bons recursos, mas disse que um deles fariam você dar adeus às telas sensíveis ao toque. É, não vai ser dessa vez, mas valeu a tentativa.

O UOL Tecnologia usou o LG G8 ThinQ, celular que possui o tal recurso matador. A saber: é um novo sistema de câmeras e sensores na frente do aparelho que permite às pessoas controlarem algumas funções do celular com gestos. Só que a gama do que se pode fazer é tão limitada e acertar a distância certa que a mão tem de ficar do aparelho é tão difícil que, se as fabricantes de telas sensíveis ao toque estavam preocupadas, podem relaxar. Não é dessa vez que o "touch" vai morrer.

O smartphone foi lançado no Mobile World Congress (MWC), em Barcelona. A mágica prometida pela LG é feita por um sensor de reconhecimento facial colado ao lado da câmera de selfie.

O segredo está em como ele lê rostos: envia raios de luz ao objeto na frente do aparelho e, com isso, mensura o tempo que esses raios demoram para retornar. Dessa forma, o sensor aprende a que profundidade está uma superfície. Assim, o celular é capaz de fazer reconhecimento facial com maior precisão. O sistema é mais preciso que o reconhecimento facial feito pelo reconhecimento facial feito apenas com software. 

Só que a LG não o usou essa tecnologia só para o celular saber se é o dono dele que está diante da câmera, como já faz a Apple, ou para aprimorar fotos, como fez a HMD Global no Nokia 9 Pureview. A sul-coreana usou essa capacidade para o G8 reconhecer mãos, compreender que gestos elas estão fazendo e, a partir daí, associá-los a comandos.

A ideia é criar novas maneiras de interagir com o celular. Em vez de usarem os dedos para tocar nos ícones da tela, as pessoas fariam gestos em frente à câmera. A ação começa quando a mão é posicionada a cerca de 15 centímetros do aparelho. A partir daí, surge uma barra multicolorida abaixo do entalhe na tela do smartphone. Pronto, o sistema já pode começar a responder a gestos. Mas ele não faz muito:

    Escolher entre dois aplicativos pré-selecionados: é só mover a mão na direção do serviço escolhido. Tocar ou interromper uma música: basta indicar com a mão a opção escolhida;
    Aumentar ou diminuir o volume: você tem que manter a mão como se fosse uma garra e girá-la para a direita, caso queira subir o som, ou para a esquerda, caso queira abaixar;
    Tirar um print da tela: posicionar a mão em forma de garra e fechá-la.

Aprender a que distância da câmera você deve deixar a mão não é tarefa difícil. Decorar os gestos é outra tarefa longe de ser difícil, afinal não são muitos. O complicado é abrir mão - desculpe o trocadilho - de uma forma muito mais simples de usar o celular para adotar outra não só menos prática como mais demorada e eficiente.

É claro que o serviço pode evoluir e ganhar novos truques que o tornem mais ágil. Talvez isso o faça entregar uma experiência que vá além da meramente curiosa.

Além do mais, caso você não faça os sinais corretamente, fica parecendo outra coisa: alguém na frente do celular tentando passar uma mensagem por meio de mímicas. Se depender de pessoas dispostas a entrar nessa brincadeira, as telas sensíveis ao toque terão vida bastante longa e não darão adeus tão cedo.

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