The Last of Us finalmente chegou ao PS3. Depois de uma série de
atrasos, a Naughty Dog disponibilizou o tão esperado game pós-pandêmico.
E a espera valeu a pena pois, mesmo ainda no final do primeiro semestre
de 2013, o tÃtulo desponta como um dos melhores do ano. Confira:
The Last of Us (Foto: Divulgação)
Nascendo sob as sombras de Uncharted
Desde seu anúncio, The Last of Us caminhou em meio a sombras de
Uncharted. A explicação é que desde que iniciou suas atividades no atual
console da Sony, o PS3, a Naughty Dog investiu em uma nova franquia que
acabou se tornando uma das melhores exclusivas do console, justificando
para muitos a compra do videogame apenas para jogar a trilogia de
Drake.
Isso fez com que The Last of Us já surgisse em meio a boas
expectativas. Seus primeiros vÃdeos, mesmo que não apresentassem cenas
de gameplay, empolgaram a todos. O resultado foi tão positivo que o jogo
faturou diversos prêmios, como tÃtulo mais esperado do ano e melhor
game em exposição na E3 2012. Todos sabiam da qualidade da empresa, e
acreditavam que esse seria o primeiro passo diante de uma nova caminhada
de sucesso.
The Last of Us (Foto: Divulgação)
Mais que uma simples história
O enredo de The Last of Us é um excelente exemplo de que os jogos podem
também contar uma história digna de uma obra literária. A trama gira em
torno de Joel, que depois de perder sua filha tragicamente, precisa
encontrar motivações para viver em um mundo dominado pelo caos, depois
de uma contaminação em massa, que transforma seres humanos em criaturas
horripilantes.
O caminho de Joel acaba cruzando o de Hellen, uma adolescente que pode
possuir a cura para o vÃrus que contamina o mundo. Porém, além de
protegê-la, Joel começa a alimentar uma relação de pai e filha, o que
ele nunca imaginou que pudesse vivenciar novamente.
Em cima deste relacionamento, o enredo se desenvolve de uma maneira
muito bem roteirizada, desde a forma um pouco conturbada e repleta de
inseguranças entre os dois personagens, até a concretização do amor
paterno do protagonista. E por mais que pareça um pouco puxado para o
lado sentimental, a história se encaixa dentro de um suspense que mexe
com o jogador, fazendo com que ele lute pela sobrevivência dos
personagens mais da forma que se torce diante de um filme, do que pela
fadiga de se atingir o próximo checkpoint.
Este carisma dos protagonistas fará até mesmo os jogadores mais
ansiosos assistirem as cutscenes do game. A dublagem em português também
ajuda muito nesta tarefa, já que traz as mesmas vozes que dublam atores
famosos, como Angelina Jolie.
The Last of Us (Foto: Divulgação)
Mecânica moldada em uma dificuldade que agrada
A jogabilidade de The Last of Us é um dos pontos mais interessantes do
jogo. Qualquer mecânica apresentada no game sempre esbarra em um
dificuldade desafiadora, que agrada e torna a experiência mais realista.
A começar pela movimentação de Joel, o personagem não possui uma
corrida tão eficiente e rápida como deveria, porém é suficiente para não
permitir que nenhum descuido, como escorregar o dedo do botão, seja
cometido na hora de fugir de seus inimigos.
O combate corpo-a-corpo também é eficiente, mas é executado de forma
atabalhoada, mostrando que Joel é alguém que nunca teve experiência com
bastões e barras de ferro, mas precisa manejá-las para sobreviver. Sendo
assim, golpear seus inimigos é uma boa alternativa, porém, está longe
de ser a solução para todos os seus problemas, ou melhor, confrontos.
O sistema de mira é outro elemento que funciona bem, mas graças a uma
boa dose de dificuldade, não é eficiente o tempo inteiro. O
comportamento de seus inimigos não é algo coordenado, ou seja, eles
dificilmente se comportam da mesma forma na hora de correr na sua
direção ou de se esconder e contra atacar. Dessa maneira, mesmo com uma
mira semiautomática, é difÃcil conseguir um tiro perfeito.
Para completar, outro elemento que deveria ser básico e até certo ponto
linear, também conta com seus percalços. Escalar plataformas pode ser
uma tarefa fácil para Drake em Uncharted, mas não é tão simples para
Joel em The Last of Us. Por mais que uma elevação pareça fácil de ser
alcançada - bastando um belo impulso - o jogo criar uma dificuldade em
que é necessário contar com a ajuda de seus aliados, ou simplesmente
encontrar outra forma de chegar até ela, como utilizando uma escada ou
uma lixeira como elevação. Dificuldade? eu chamaria de realidade!
The Last of Us promete violência e realismo (Foto: Divulgação)
Diversificando os gêneros e criando um estilo próprio
É difÃcil definir um gênero exato para The Last of Us. Em todo seu
enredo, o game conta com elementos de aventura em terceira pessoa. As
escaladas e a forma com que os personagens precisam encontrar seus
objetivos nos remete a essa "conclusão". Entretanto, outra parte da
história coloca o jogador em elemento distintos de jogos do mesmo
estilo.
O primeiro deles é o suspense imposto em diversos momentos. Algumas
criaturas não enxergam você, apenas o ouvem, sendo preciso agir
sorrateiramente, com o menor barulho possÃvel. Diante dessa apreensão, o
jogo começa a criar elementos de um survival horror digno de jogos como
Clock Tower, onde um descuido pode ser fatal. No caso de The Last of
Us, essas mesmas criaturas eliminam o personagem com um único golpe,
portanto, se elas perceberem a sua presença, prepare-se para recomeçar
do último checkpoint.
Já outros momentos do jogo remetem a um estilo stealth, como Metal Gear
Solid e tantos outros. Por exemplo, soldados fortemente armados
perseguem seus personagens e é preciso agir sorrateiramente para
eliminar a todos, ou pelo menos boa parte deles, antes de iniciar um
confronto direto. E graças aos movimentos "desordenados" citados mais
acima, fica mais difÃcil ainda de seguir o mesmo plano a cada jogada, já
que seus inimigos podem aparecer de onde menos se espera.
The Last of Us (Foto: Divulgação)
Multiplayer simples e não tão interessante
O modo multiplayer de The Last of Us mostra que veio apenas para somar.
Assim como em Uncharted, o modo funciona muito mais como uma forma de
compartilhar da jogatina com seus amigos, do que para se gastar horas e
horas em batalhas contra oponentes de todo o planeta.
Limitados a confrontos entre sobreviventes divididos em fações, os
combates não apresentam nada de tão relevante a ponto de alguns
jogadores adquirirem o game apenas para a diversão online. A grande
novidade é a possibilidade de compartilhar suas informações em um
ranking que sincroniza com o seu Facebook. O jogo também traz um sistema
de evolução em que a cada nÃvel seu personagem adquire novas
habilidades, além de pontos para habilitar mais itens.
Talvez se The Last of Us contasse com um modo cooperativo que pudesse
ser encaixado em sua campanha, seria algo mais atrativo do que o
apresentado. Assim como em Tomb Raider, a impressão que fica é que o
modo é uma forma de expandir a vida útil do jogo. Entretanto,
dificilmente esse seria um tÃtulo para empoeirar nas prateleiras mesmo
sem qualquer interação multiplayer.
The Last of Us (Foto: Divulgação)
Bonito, mas não perfeito!
Olhar atentamente para o visual de The Last of Us, é admirar o quanto a
atual geração de consoles ainda tem a oferecer. Não há como não se
encantar com os cenários do jogo, que conseguem reproduzir uma atmosfera
apocalÃptica em um cenário urbano totalmente devastado. Desde prédios
em ruÃnas, que ameaçam cair a qualquer momento, até rodovias tomadas por
veÃculos destruÃdos, conseguimos entender - ou não - o motivo dos
atrasos no lançamento do game: a Naughty Dog quis mostrar um jogo com um
visual perfeito!
E ela quase conseguiu. Porém, foram cometidos alguns deslizes na parte
gráfica do game. A que mais incomoda é o fato do game contar com
pequenas quedas de quadros durante cenas bem carregadas, principalmente
em cenários que contam com muitos efeitos de luz. Caso o jogo receba no
futuro uma versão para PS4, esse problema com certeza será solucionado.
The Last of Us (Foto: Divulgação)
Conclusão
The Last of Us atende a todas as expectativas do jogo mais esperado de
2013, e se torna um grande concorrente a melhor game do ano. Com uma
trama digna de uma obra literária e uma jogabilidade moldada em cima de
uma dificuldade bem dosada, o tÃtulo é um grande exemplo de que há jogos
simplesmente marcantes. O melhor disso tudo é observar o que a atual
geração de console ainda tem a oferecer em termos de visual e,
principalmente, de inovações. Um tÃtulo quase obrigatório para qualquer
jogador.
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