Games estimulam conhecimento para além do jogo, diz professora

O mundo dos games faz parte da realidade nas salas de aula e o Conecta 2013 veio para mostrar que o uso deles entre os estudantes nem sempre é motivo de preocupação. No Arena Conecta, que reuniu alunos e professores para debater sobre o uso de tecnologias na Educação, 100% dos estudantes acreditam no benefício dos games dentro de sala.
Além da presença do fundador da Atari, Nolan Bushnell, que já entrevistamos em Universo dos Games, o evento contou com profissionais e estudiosos do assunto, que promoveram debates e oficinas sobre o tema. Uma das palestras reuniu Bushnell, a doutora em Educação Andrea Ramal, Brian Wanieski, diretor do Institute of Play (escola pioneira de Nova Iorque que usa games no aprendizado), a professora Lynn Alves, Heloísa Mesquita, gestora dos Ginásios Experimentais Cariocas e a criadora do NAVE (Núcleo Avançado em Educação), Samara Werner, programa voltado para a pesquisa e o desenvolvimento de soluções educacionais usando ferramentas tecnológicas.
Evento reuniu, em palestras, debates e oficinas, estudantes, professores e especialistas sobre games na Educação | Foto: Guarim de Lorena
Evento reuniu, em palestras, debates e oficinas, estudantes, professores e especialistas sobre games na Educação | Foto: Guarim de Lorena
No painel, todos concordaram sobre o papel importante dos games na Educação. “Precisamos fazer a escola ser um ambiente prazeroso e os games têm papel fundamental nisto”, disse Lynn Alves. “Os resultados são evidentes, os jogos chamam o aluno para diversas questões”, complementou Samara. “Os jogos estimulam um conhecimento para além do jogo. Alunos que jogaram Dante’s Inferno quiseram ler A Divida Comédia depois. Outros jogaram God of War e quiseram conhecer mais sobre a mitologia grega. Isso é o que chamamos de aprendizagem colateral”, afirmou Lynn Alves.
Nolan Bushnell arrancou aplausos ao declarar que 'gostaria de ver alunos viciados em aprender' | Foto: Antônio Batalha
Nolan Bushnell arrancou aplausos ao declarar que ‘gostaria de ver alunos viciados em aprender’ | Foto: Antônio Batalha
Ao final do debate, Andrea Ramal afirmou que quanto mais trabalha com tecnologias na educação, mais vê que elas não substituem os professores. “Precisamos virar mais arquitetos cognitivos e formadores de valores para que os alunos possam ser usuários críticos dessas tecnologias. Que privilégio ser professor e usar de forma positiva essas tecnologias poderosas”, finalizou.
Arena reúne professores e alunos para discutir sobre tecnologia
Outro destaque do evento foi a Arena Conecta que reuniu 12 alunos que se destacaram em uma competição de games colaborativa no Conecta em um painel sobre as mudanças nas escolas com a implementação da tecnologia, notadamente as redes sociais e a Internet. O encontro foi mediado pelo blogueiro Jorge Freire, o Pai Nerd.
“Quando eu tenho alguma dúvida, até procuro meus professores no Facebook para me ajudarem nos trabalhos”, disse Bryan Santos, aluno da rede municipal do Rio. Já a aluna Laryssa Bomfim, do Sesi, foi mais direta: “Se na escola eu não posso usar o Facebook, quando eu chego em casa, bloqueio a escola”, disse, arrancando gargalhadas da plateia. A professora do Senai, Simone Cristina, argumentou que os alunos podem aproveitar melhor essa oportunidade. “Ainda não há uma cultura definida sobre como usar as redes sociais para a educação, mas nós professores estamos à disposição para ajudar”.
No Arena Conecta, jovens afirmaram que games ajudam a absorver conteúdos na sala de aula | Foto: Zô Guimarães
No Arena Conecta, jovens afirmaram que games ajudam a absorver conteúdos na sala de aula | Foto: Zô Guimarães
Em contrapartida, a aluna Vanice Souza, do SENAI, contou que em sua escola as turmas criaram grupos de estudo no Facebook. “As redes sociais não só podem, como já estão ajudando. Nos grupos, discutimos os trabalhos com os colegas de sala e os próprios professores”, explicou. O professor Cícero da Silva, da rede municipal de ensino, também deu seu depoimento sobre as vantagens desse tipo de interação. “As redes sociais são bloqueadas na escola, mas isso não impede que a gente tenha os grupos. No Facebook, discutimos trabalhos, enriquecemos assuntos discutidos em sala e depois o retomamos na escola”, disse. Apesar disso, o educador admite que ainda é preciso amadurecer as regras para a utilização das redes sociais no ambiente de ensino.
Através de um sistema de votação eletrônica da Arena, professores e alunos concordaram que a internet trouxe mudanças: 93,8% acreditam que a maneira de ensinar e aprender sofreu alterações. “Com o advento da internet, o professor deixou de ser o detentor de conteúdo, o centro das atenções passou a ser o próprio aluno e o educador se tornou um mediador do conhecimento”, comentou o professor Diego Teixeira, da rede estadual do Rio.
100% dos alunos presentes na Arena acham que a presença dos games em sala de aula é positiva. Entre os professores, 91% concordam Para a aluna Laryssa, os games deixam o ensino mais equilibrado. O professor do SESI Macaé, Cláudio Feliciano, não só acredita no poder dos games, como estimulou seus alunos a criarem o “Math Zombie” na plataforma RPG. “É um game todo baseado em matemática, em que eles me transformaram num zumbi. São quatro fases e, em cada uma delas, eles têm que solucionar uma equacão matemática. A cada acerto, descobrem pistas que podem me fazer voltar ao normal. Eles construíram tudo, eu apenas idealizei”, explicou.
Segundo Cláudio, o game é sucesso e já mostra resultados entre os estudantes. “Além das notas, muitos alunos que tinham problemas para se socializar conseguiram romper essa dificuldade através do game”.