Exército "incorpora" primeiro recruta virtual em rede social

 Exército / Divulgação
O Exército anunciou ter incorporado seu primeiro recruta virtual: um sistema de inteligência artificial criado para interagir com o público no Messenger do Facebook. Fruto de uma campanha de marketing que aponta para o novo perfil da comunicação da instituição, Max, como foi batizado o sistema, entrou no Exército hoje assim como cerca de 90 mil jovens que iniciam o serviço militar obrigatório em todo o país.

Segundo o Exército, o militar virtual pertence a uma categoria de chatbot --sistema que responde automaticamente a dúvidas de usuários de redes sociais e sites. Porém, ele não segue apenas o padrão de respostas para o qual foi programado inicialmente. A partir das interações com os usuários, o robô "aprende" a melhorar suas respostas e reconhece a linguagem geralmente informal usada pelos internautas. O sistema será representado visualmente com um avatar em formato de robô.

A introdução do chatbot sinaliza uma mudança no perfil da comunicação do Exército sob o comando do general Edson Leal Pujol. Seu antecessor, o general Eduardo Villas Bôas, teve o comando marcado pela forte participação em assuntos políticos por meio de mensagens publicadas em sua conta pessoal no Twitter.

A manifestação que mais repercutiu no cenário político ocorreu em abril de 2018. Villas Bôas publicou uma mensagem de repúdio à impunidade às vésperas do julgamento de um habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Críticos interpretaram a ação como uma ameaça ao STF (Supremo Tribunal Federal). O ex-comandante disse que precisava manter o "domínio da narrativa" em um momento no qual militares da reserva se pronunciavam de forma cada vez mais "enfática".

Pujol, por sua vez, não tem conta pessoal no Twitter (os perfis em seu nome são falsos). Diferentemente de seu antecessor, ele deve, ao menos de início, dedicar-se mais a questões internas do Exército e aumentar a interação da instituição com os jovens será uma prioridade.

O objetivo seria diversificar o perfil da tropa e estimular que "novos talentos" se desenvolvam nos quadros do Exército, segundo o general Richard Nunes, chefe do CCOMSEx, o Centro de Comunicação Social do Exército.
Max, o recruta virtual

O lançamento de Max é primeira iniciativa de marketing do Exército nessa direção. O apelido do chatbot faz referência ao seu nome técnico: Módulo Auxiliar de Relações Públicas. E também é uma referência ao sargento Max Wolf Filho, militar que se destacou na Força Expedicionária Brasileira durante a Segunda Guerra.

Ele será representado por um avatar no formato de robô, que começará como recruta e começará a subir de patente na medida em que ampliar sua capacidade de interação com o público. O recruta Max aparecerá inicialmente nas redes sociais trajando calça jeans e camiseta branca --mesmo traje que os jovens usam ao entrar no serviço militar.

Em um segundo momento, receberá uma farda camuflada e gorro. Como os recrutas humanos, só ganhará uma boina após participar de seu primeiro acampamento.

O militar virtual está sendo programado para tem senso de humor e variedade de respostas para perguntas similares.

Não será a primeira vez que o Exército aposta no humor para se aproximar dos jovens. Em 2017, uma equipe da comunicação passou a responder tuítes com mensagens bem humoradas jogando com a fama de rigidez da instituição.

Em uma das mensagens que viralizou, um rapaz escreveu em seu perfil: "amanhã vou ver se aquele site de m... do Exército tá funcionando, quero me alistar logo". O perfil oficial do Exército respondeu: "o site do alistamento está funcionando e apesar do xingamento estamos aguardando sua inscrição".

A mensagem gerou centenas de reações e piadas de internautas sobre possíveis represálias que o rapaz receberia ao entrar na instituição, como: "se chamarem ele pra servir vai ser pura coincidência" ou "100 polichinelos só de boas-vindas". O Exército novamente se manifestou: "Que é isso... nem pensamos nisso".

Críticos disseram porém que o Exército não deveria monitorar mensagens públicas de indivíduos no Twitter.

Ao anunciar na rede social a incorporação do chatbot Max nesta semana, o Exército novamente reagiu e disse para uma internauta não ficar frustrada.

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